Jukebox

Tudo sobre música

No papel

Curiosidades e lançamentos escritos à mão

Ta rolando

Fique por dentro de tudo que acontece, quando o assunto é cultura

Fashion

Muito além do look do dia, encontre moda e comportamento

Crônicas

Contos e poesias

quinta-feira, 15 de setembro de 2016

NA VOZ DELAS | Mulheres contam como as músicas da rapper Karol Conka contribuem para o empoderamento feminino


Empoderamento, Femininismo, Jukebox, Karol Conka, Moda, Mulheres, Música, redes sociais,
Créditos: Internet/Divulgação

Por Andressa Lara

Em 2006, o myspace era a rede social utilizada por músicos independentes, que buscavam divulgar seus trabalhos. Apesar de não ter sido muito popular no Brasil, já que a demanda de fotos e vídeos que a rede abrigava era maior do que a conexão discada conseguia carregar, foi através dessa plataforma que a rapper Karol Conka deu vida às suas primeiras canções. 

As letras costuram tramas da realidade vividas por mulheres negras e de tantas outras etnias. “A mocinha quer saber por que ainda ninguém lhe quer/Se é porque a pele é preta ou se ainda não virou mulher/Ela procura entender porque essa desilusão/Pois quando alisa o seu cabelo não vê a solução”, canta ela na música “Marias”, feita na época.

O tempo passou. A internet e as redes sociais evoluíram com a rapidez de um furacão. A figura da mulher na sociedade ganhou cada vez espaço nas discussões virtuais. Surgiram grupos compostos por mulheres, buscando, sobretudo, refletir, problematizar e questionar uma sociedade que sempre se mostrou disposta a oprimir.

A imagem de corpo perfeito tão reforçada por revistas, durante anos, foi caindo por terra: As mulheres começaram a se orgulhar de quem são e do corpo que possuem. É o que mostra um estudo divulgado na 124ª Convenção da Associação Americana de Psicologia, realizada em agosto, no Colorado. A pesquisa constatou que as mulheres de hoje estão mais satisfeitas com seu corpo, do que eram nos anos 1980.

O sucesso da cantora Karol Conka veio justamente por dar visibilidade a todas essas questões, ligadas ao empoderamento feminino. A intérprete Valéria Gomes, de 23 anos, conta que teve seu primeiro contato com a rapper em 2014. “Eu estava me reconhecendo como feminista e buscando afirmar a minha identidade enquanto mulher negra”, diz ela.

Motivada também pelo feminismo, a gerente de comunicações Verônica Bortoloto, de 22 anos, conta que descobriu a cantora através de um grupo sobre o tema, do qual participa no facebook. “Estava rolando uma discussão sobre minas empoderadas que cantam e espalham sua mensagem, e um dos nomes mais comentados foi a rapper Karol Conka. Logo, fui procurar conhecê-la. Foi amor e reconhecimento ao primeiro beat”, brinca Verônica.

É difícil encontrar alguém que nunca tenha se deparado com a palavra empoderar. O termo significa, resumidamente, dar poder. E é isso que as músicas de Karol tem feito com tantas e tantas mulheres. “O que mais me chamou atenção nela, até mesmo antes da música, foi essa autoconfiança com que ela se assume e se orgulha das suas raízes”, conta Valéria Gomes.

Os trajes, o cabelo e os batons coloridos da cantora mostram uma mulher que não quer passar despercebida, dentro de um cenário musical quase sempre dominado por homens: o rap. “Tem muitas mulheres no rap com anos de estrada, mas só agora conseguiram, de fato, ganhar algum reconhecimento. Também tem muito cara bom fazendo som, o triste é que alguns deles ainda hipersensualizam o corpo feminino”, diz Verônica.

E por acreditar e se identificar com a rapper, a resposta do público a canção “Tombei”, lançada em 2014, foi imediata: a música tem mais de cinco milhões de acessos no youtube, sendo que o título, que dá nome a canção, foi usado mais de 23 mil vezes como hastag em fotos no instagram. “Suas letras são incríveis. Feministas, falam sobre como é ser uma mulher negra em uma sociedade em que tantas delas ainda são invisíveis”, diz Valéria Gomes.

E assim, ao ritmo de beat, a música da cantora Karol Conka tem servido de inspiração feminina. “Através da música, as mulheres podem desconstruir um pensamento, muitas vezes machista e insciente. E, para as mulheres que já são empoderadas, a música só ajuda a fortalecer a luta, o pensamento e a autoestima de quem sofre e enfrenta altos e baixos diariamente”, reflete Verônica.

Playlist delas

Elas recomendam:
É o poder
"recomendo não só por ter um beat muito bom, mas pela letra ser empoderada de uma forma um pouco mais bruta, do que ela habitualmente escreve”, enfatiza Valéria Gomes.



Sandália
“Nessa música, ela mostra, sem vergonha nenhuma, até porque, não é mesmo um motivo para se envergonhar, que as minas podem sim ser o que elas quiserem, com quem elas quiserem e onde elas quiserem”, dispara Verônica Bortoloto.